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  1. Pra Ela

    segunda-feira, 27 de abril de 2020



    Aquela tarde de quinta-feira estava mesmo diferente, primeiro pelo fato da euforia que estávamos sentindo com a reunião de moradores do bairro para decidir algumas posições referentes a um projeto que a prefeitura estava implantando no território. Essa reunião reuniu prefeito e moradores a fim de iniciar diálogos e esclarecimentos referentes a esse projeto municipal que seria implanto no bairro e que iria atingir diretamente famílias que morassem ao redor de uma das lagoas localizadas dentro do bairro.

    O segundo motivo ou acontecimento dessa quinta-feira pelo qual mudou e reativou as novas cores num Movimento onde pulsava vermelho e preto foi decisivo para que saindo dessa reunião eu me desse conta de que o militante estava apaixonado.

    Mas voltando as pautas da reunião comunitária, pontuamos enquanto jovens e moradores daquele bairro nosso incomodo e resistência diante o projeto apresentado pelos secretários da prefeitura que retiraria famílias que morassem em torno da lagoa. O projeto foi apresentado e foi ganhando uma maquiagem ao longo dos tempos para acalmar os ânimos da população que já se mostrava bem incomoda pela ideia e apresentação da proposta de tal projeto que ao final de tudo se configurava como um dispositivo higienizador para com essas famílias periféricas que há mais de vinte anos tinham construído suas moradias e estabelecido seus laços afetivos e culturais com o espaço projeto para ser “revitalizado”.

    Representantes de famílias atingidas diretamente pelo projeto de “revitalização e urbanização do entorno da lagoa” estavam ainda sem entender muita coisa. Lideranças comunitárias eram cooptadas pela gestão municipal e tentavam a todo custo e apelação desconstruir nossas falas, e sempre arquitetavam maneiras para nos colocar contra a comunidade.

    Foi uma tarde de nervos à flor da pele, e naquele momento eu percebia que a luta seria desgastante com a gestão municipal e com as estratégias de cooptação politiqueira que se armava naquele cenário de medo e ameaças vindo da prefeitura.

    Reunião encerrada com a gestão municipal na sede da associação comunitária de moradores, ficamos ainda trocando algumas ideias e encaminhando pautas, algumas pessoas já se deslocavam para suas casas, outras permaneciam de conversas com representantes da prefeitura municipal na calçada e nós permanecíamos concentrados a algumas falas apresentadas naquela tarde.

    Diante do movimento contínuo de pessoas entrando e saindo da associação, ela surge e vem caminhando em nossa direção. Na verdade ela já nos observava de longe de outros momentos, de outros dias e de outras lutas. Ela vem cheia de posições e agendas de trabalho a cumprir.

    Alguém que estava próximo a nós apresentou aquela mulher que eu já conhecia de vista transitando pelo bairro. Meus olhos brilhavam ao sentir as veias abertas que ainda circulavam o sangue quente de um romantismo rebelde. Cuidei de pegar o seu contato e logo à noite nós já estávamos trocando mensagens sobre nossas lutas travadas no meio político-social, que na verdade eram apenas pretextos para nossa aproximação.

    Não poderia ter sido mais intenso e marcante aquele primeiro contato que nasceu nas reuniões da associação do bairro.

    Naquela tarde de quinta-feira, junho de 2013 a associação comunitária Benedito Tonho foi cenário para esse amor, para as lutas e para as nossas revoluções diárias que sonhamos e concretizamos num novo romance que dura até os dias de hoje. Dos encontros que as lutas nos traz, me trouxe a companheira de uma vida.

    Ainda há muito o que escrever pra ela e por ela.
    Ainda estamos na luta
    Ainda revolucionamos o companheirismo
    Ainda militamos no amor
    Ser você esse amor





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