Aquela
tarde de quinta-feira estava mesmo diferente, primeiro pelo fato da euforia que
estávamos sentindo com a reunião de moradores do bairro para decidir algumas
posições referentes a um projeto que a prefeitura estava implantando no
território. Essa reunião reuniu prefeito e moradores a fim de iniciar diálogos
e esclarecimentos referentes a esse projeto municipal que seria implanto no
bairro e que iria atingir diretamente famílias que morassem ao redor de uma das
lagoas localizadas dentro do bairro.
O
segundo motivo ou acontecimento dessa quinta-feira pelo qual mudou e reativou
as novas cores num Movimento onde pulsava vermelho e preto foi decisivo para
que saindo dessa reunião eu me desse conta de que o militante estava
apaixonado.
Mas
voltando as pautas da reunião comunitária, pontuamos enquanto jovens e
moradores daquele bairro nosso incomodo e resistência diante o projeto
apresentado pelos secretários da prefeitura que retiraria famílias que morassem
em torno da lagoa. O projeto foi apresentado e foi ganhando uma maquiagem ao
longo dos tempos para acalmar os ânimos da população que já se mostrava bem
incomoda pela ideia e apresentação da proposta de tal projeto que ao final de
tudo se configurava como um dispositivo higienizador para com essas famílias
periféricas que há mais de vinte anos tinham construído suas moradias e estabelecido
seus laços afetivos e culturais com o espaço projeto para ser “revitalizado”.
Representantes
de famílias atingidas diretamente pelo projeto de “revitalização e urbanização
do entorno da lagoa” estavam ainda sem entender muita coisa. Lideranças comunitárias
eram cooptadas pela gestão municipal e tentavam a todo custo e apelação
desconstruir nossas falas, e sempre arquitetavam maneiras para nos colocar
contra a comunidade.
Foi
uma tarde de nervos à flor da pele, e naquele momento eu percebia que a luta
seria desgastante com a gestão municipal e com as estratégias de cooptação
politiqueira que se armava naquele cenário de medo e ameaças vindo da
prefeitura.
Reunião
encerrada com a gestão municipal na sede da associação comunitária de moradores,
ficamos ainda trocando algumas ideias e encaminhando pautas, algumas pessoas já
se deslocavam para suas casas, outras permaneciam de conversas com
representantes da prefeitura municipal na calçada e nós permanecíamos
concentrados a algumas falas apresentadas naquela tarde.
Diante
do movimento contínuo de pessoas entrando e saindo da associação, ela surge e
vem caminhando em nossa direção. Na verdade ela já nos observava de longe de
outros momentos, de outros dias e de outras lutas. Ela vem cheia de posições e
agendas de trabalho a cumprir.
Alguém
que estava próximo a nós apresentou aquela mulher que eu já conhecia de vista
transitando pelo bairro. Meus olhos brilhavam ao sentir as veias abertas que
ainda circulavam o sangue quente de um romantismo rebelde. Cuidei de pegar o
seu contato e logo à noite nós já estávamos trocando mensagens sobre nossas
lutas travadas no meio político-social, que na verdade eram apenas pretextos para
nossa aproximação.
Não
poderia ter sido mais intenso e marcante aquele primeiro contato que nasceu nas
reuniões da associação do bairro.
Naquela
tarde de quinta-feira, junho de 2013 a associação comunitária Benedito Tonho
foi cenário para esse amor, para as lutas e para as nossas revoluções diárias
que sonhamos e concretizamos num novo romance que dura até os dias de hoje. Dos
encontros que as lutas nos traz, me trouxe a companheira de uma vida.
Ainda
há muito o que escrever pra ela e por ela.
Ainda
estamos na luta
Ainda
revolucionamos o companheirismo
Ainda
militamos no amor
Ser
você esse amor
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